A "Lei da Mordaça" e as "Vedetes"

O Brasil é o pais dos paradoxos, das injustiças, da insensatez, e dos extremos.

Muitas vezes para resolver um problema, se cria um ainda maior, as vezes por erro, e as vezes, propositalmente.

Vejam agora essa chamada "Lei da Mordaça", aprovada pela Câmara dos Deputados, e em tramitação no Senado Federal.

Ela proibe que funcionários públicos tais como delegados de polícia, promotores de justiça e juizes de direito, concedam entrevistas na imprensa, sobre processos ou procedimentos ainda não julgados.

É verdade que existem agentes públicos que por "vedetismo", "complexo de inferioridade", desejo de notoriedade, oportunismo, etc. ,irresponsavelmente concedeu entrevista na imprensa liquidando reputações e maculando pessoas físicas ou jurídicas, sem que as mesmas tenham contra si qualquer prova, e muito menos condenação.

Quem não se lembra do que um delegado despreparado e ambicioso, fez com aqueles donos da "Escola Base", massacrando-os pela imprensa e arrasando suas vidas ( quando na verdade eles eram inocentes) ?

É fundamental pois, que quem aja de forma leviana, sensacionalista ou irresponsável, seja punido pelo órgão de classe (isso não ocorre, há corporativismo), e seja responsabilizado civil e criminalmente.

Isso deveria acontecer com o policial que age levianamente com o promotor de justiça mais preocupado com a fama do que com a justiça, ou com o juiz que comete parcialidades .

Porém impedir que todos os funcionários possam se manifestar na imprensa, é um erro enorme, pois irá beneficiar aos criminosos e infratores da lei poderosos, que evidentemente, sem a cobrança da mídia se safarão com facilidade da justiça.

Hoje, graças ao verdadeiro clamor publico (também há o artificial, o criado), muitos atos ilícitos puderam ser punidos, quando normalmente ficariam impunes.

Portanto essa lei é absolutamente danosa e vergonhosa

Porém, que essa minoria de "vedetes" tem que ser punida para não cometer irresponsabilidades , isso tem.

Mas não amordaçando grande maioria de profissionais sérios, que tem que contar com o apoio e a pressão da opinião pública

 

Marcus Vinícius Valle Jr., advogado, é professor universitário de Direito penal e Direito Ambiental.

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