Os políticos e os eleitores
 

A classe política nunca gozou de uma grande reputação em nosso país. O político sempre foi visto como um espertalhão, um "promesseiro", um demagôgo, e uma figura perfeitamente descartável ou inútil. Mas de uns tempos para cá, a imagem piorou. Os políticos são vistos não mais com desprezo ou ironia, mas sim com ódio, pois significam desonestidade, corrupção, nepotismo, baudalheira... enfim sujeira e banditismo. É claro que os nossos homens públicos colaboram para essa péssima imagem, pois sempre abusaram da paciência popular, e parte significativa deles sempre foi mais sensível aos interesses pessoais do que aos interesses públicos. Porém, é importante frisar que a generalização é injusta e contraproducente, pois há muitos políticos sérios, competentes, honestos e idealistas. Evidente pois que igualá-los aos "picaretas" é além de frustrante, um verdadeiro desincentivo aos mesmos. Mas, os políticos são ruins (em parte), porque os eleitores votam mal, sem critérios e irresponsavelmente (grande parte). Há os que votam por interesse pessoal, vendendo suas consciências (um favor, uma camiseta, uma bola de futebol, uma quantia em dinheiro etc.). Outros, mais abastados e menos necessitados, votam por critérios meramente pessoais como amizade, simpatia, parentesco etc. Se esquecem que esses péssimos critérios são altamente prejudiciais, e levam ao poder pessoas despreparadas ou incompetentes. Nenhuma pessoa em sã consciência escolheria para trabalhar em sua empresa um indivíduo incompetente ou desonesto, por mais que ele fosse simpático ou até mesmo seu aparentado. Mas para dirigir as coisas públicas as pessoas escolhem qualquer um. Por quê? Porque infelizmente, não reconhecem as coisa públicas como "de todos" (inclusive suas), mas sim como de "ninguém". Enquanto o eleitor não se conscientizar, o nível dos políticos será cada vez pior. E aos que não votam em ninguém, também vai uma crítica: ¾ eles colaboram para que os piores permaneçam e não ocorram mudanças.

Marcus Vinícius Valle Jr., advogado, é professor universitário de Direito penal e Direito Ambiental.

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