O vale dos castelos de Bragança Paulista.
Bairro da Bocaina - Fazenda do Trigo: Seus fundadores

 

Em nossa viagem pelo Vale dos Castelos, no Bairro da Bocaina, exploramos inicialmente a Fazenda do Trigo onde, silenciosamente, suas florestas seculares, com muito vigor, guarnecem o enorme castelo Colonial, edificado em 1.881 o qual, de imensas paredes de taipa, assistiu e continua assistindo uma rica história de imigrantes portugueses que, no Brasil, se iniciou em 1.728. Os protagonistas, José Félix Cintra e seu irmão, o Capitão Francisco Lourenço Cintra, chegaram em 29 de março de 1.728 à cidade de São Paulo, procedentes da freguesia de S. Tiago de Estombar, Província de Algarve, Portugal. Recém-chegado, José Félix Cintra muda-se para Minas de Pitangui, lugarejo de Minas Gerais, ali contraindo matrimônio com Andreza de Araújo. Tempos depois, resolve transferir-se para o município de Atibaia, constituindo numerosa prole de dez filhos, dos quais, ao que se sabe, apenas dois continuaram a geração. Um deles, o alferes Félix Manuel Cintra, em 1.814, casou-se com a bragantina Ana Tereza Leite, tendo diversos filhos. Destes, o Coronel Antonio Félix de Araújo Cintra, juntamente com sua esposa, Ana Emília Ferreira Cintra, fundou a Fazenda do Trigo, tornando-se, ambos, personagens da história da agricultura de Bragança Paulista. 

A casa-sede da Fazenda do Trigo, um verdadeiro castelo pela sua dimensão e riqueza.

Embora o Coronel Antonio Félix de Araújo Cintra tivesse curta passagem de vida, pois faleceu em 1887, com apenas 45 anos, conseguiu ele desbravar e deixar agricultável mais de 500 alqueires para neles implantar um dos maiores cafezais de nosso município, com cerca de quase 300.000 pés, bem como, em 1.881, edificou o enorme casarão, em estilo Colonial, medindo quase 1.000 metros quadrados de área construída, considerado, na época, como um dos mais belos de nosso Estado. Em toda essa história de pionerismo, luta e garra, surge a figura de sua esposa, dona Ana Emília Ferreira Cintra, carinhosamente conhecida por "Sinhazinha" que, viúva ainda jovem, deu continuidade ao sonho de seu esposo, inclusive, iniciando uma cultura de trigo na propriedade, que alcançou bom resultado. Essa cultura motivou a denominação da Fazenda do Trigo, que se tornou uma das mais expressivas e ricas do município. Esta grande administradora, com muita fé, coragem e amor pela terra, juntamente com seu administrador, Alberto Pereira Filho, e seu gerente Manoel Félix Cintra, transpôs difíceis obstáculos ocorridos nessa época como a abolição da escravatura, a queda da Monarquia, o inicio da revolução industrial, fatos que mudaram completamente a economia brasileira e exigiram de seus empresários criatividade e completa alteração na maneira de administrar.

 

Ana Emília Ferreira Cintra, carinhosamente tratada por "Sinhazinha", foi responsável pela denominação atribuída à propriedade de seu esposo, após o êxito da cultura do trigo por ela feita. Durante meio século ela administrou a propriedade

 

Coronel Antonio Félix de Araújo Cintra, proprietário e fundador de uma das maiores propriedades rurais do município bragantino, posteriormente denominada Fazenda do Trigo.

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Matéria fornecida pelo autor, inédita na internet, já publicada no Bragança Jornal Diário em 1997
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